Pode Praticar a Atenção Plena no Cristianismo?

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A atenção plena (mindfulness) no cristianismo tem sido mais popular do que nunca. E o mundo secular também adora. Os dados mostram que o número de pessoas que praticam meditação hoje triplicou desde 2012 (disponível em inglês) e o faturamento de aplicativos de meditação aumentou drasticamente, indicando a popularidade das práticas de concentração.

Religiosas ou não, muitas pessoas querem organizar suas mentes, afastar-se da correria da vida e sentir conforto e estabilidade em tempos caóticos. Mas essa popular forma ocidental de atenção plena não é nada nova. Na verdade, podemos vê-la em muitas tradições culturais e aparece em quase todas as grandes religiões. Tem sido praticada, em formas variadas, por milhares de anos.

A arte da atenção plena é universal e isso, talvez, não seja surpresa. Como cristãos, acreditamos que tais práticas saudáveis ​​são inerentes ao design com o qual fomos criados. O cristianismo também tem uma longa história de atenção plena e contemplação como forma de desenvolver uma intimidade profunda e pessoal com nosso Pai Celestial. Ao contrário do que alguns podem pensar, a atenção plena é compatível com a fé cristã.

O salmo 46:10 é um dos baluartes da atenção plena cristã: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. É um chamado para explorar o que essa prática popular pode significar nos contextos de nossa própria fé.

Neste post, exploramos o que os cristãos podem tirar da atenção plena e como eles podem fazê-la de uma maneira que honre a Deus e os aproxime dEle.

O que é atenção plena?

Claro, você pode estar lendo isso e pensando ‘não tenho certeza do que é realmente é atenção plena. Afinal, a expressão está em muitos lugares.

Atenção plena é uma prática que envolve focar nossa consciência e atenção no momento presente, aceitando nossa capacidade atual de mudança e nos contentando com ela. Especialistas descreveram nossa atenção como um músculo. Atenção plena é o ato de controlá-lo e fortalecê-lo.

O aplicativo de meditação secular Calm fala sobre as diferenças entre momentos formais e informais (disponível em inglês) de atenção plena.

A atenção plena formal é o tempo que você intencionalmente reserva uma ou duas vezes por dia para se tornar mais consciente. Muitas pessoas seguem um processo ou ritmo predefinido para ajudá-las a se concentrar. Atenção plena informal é algo que você pode fazer a qualquer momento do seu dia. Pouco antes de enfrentar uma tarefa difícil ou simplesmente quando você está fora de casa, fazendo-se consciente das sensações e prazeres ao seu redor, cores, sabores e cheiros.

Praticar a atenção plena pode ter efeitos positivos em sua saúde mental, torná-lo mais presente e mais amoroso com os outros.

Para os cristãos, muito disso é coberto por uma vida de oração saudável, embora nem todos necessariamente vejam a oração dessa maneira e possam pensar nela mais como um ritual religioso. Veremos como a atenção plena cristã pode ser praticável para você, abaixo.

Mas primeiro, de onde vem?

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Atenção plena pode ser feita onde quer que você esteja. Imagem: Anthony Tori

De onde se origina a atenção plena? 

A história da atenção plena é complexa e não há respostas fáceis sobre sua origem. A meditação tem sido usada há milhares de anos em vários ambientes, culturas e localizações geográficas. 

Embora existam círculos cristãos que vejam a atenção plena com alguma desconfiança, geralmente decorrente dos elos bem publicizados entre a prática e as tradições de meditação budistas e hindus orientais, as palavras de Jon Kabat-Zinn (disponível em inglês) – visto por muitos como o “pai da atenção plena secular ” soam verdadeiras: “Dizer que a atenção plena é budista é como dizer que a gravidade é britânica porque Isaac Newton a descobriu.”

Trousselard (disponível em inglês) também observa que “a história da atenção plena não deve ser reduzida ao Budismo e Hinduísmo, pois a atenção plena também tem raízes no judaísmo, cristianismo e islamismo” 

Assim, ao passo que um monte de práticas a atenção plena modernas são influenciadas pelas tradições orientais (mesmo que tenham sido fortemente ocidentalizadas), a atenção plena também existe em outras culturas e religiões.

Como cristãos, isso abre a porta para explorarmos nossa própria herança de atenção plena enquanto caminhamos diariamente com Jesus.

A história da atenção plena no cristianismo

A igreja tem usado o cristianismo contemplativo e a meditação desde os primeiros dias dos patriarcas e matriarcas do deserto. Estes foram os primeiros líderes da igreja nos séculos lll e lV que decidiram viver uma vida mais monástica, buscando a Jesus em todos os aspectos de sua vida e rejeitando as influências mundanas.

Suas práticas vieram diretamente do modelo de Jesus, o chamado ‘tomar sua cruz’ (Mateus 10:38-39) e do exemplo de muitos personagens da Bíblia. Os Salmos estão cheios de momentos de contemplação também: “Meditarei nos teus preceitos” diz o Salmo 119:15. “Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança”, diz o Salmo 62:5.

Exceto por algumas denominações e tradições, como a igreja Quaker ou os Monásticos, a contemplação havia sido amplamente esquecida na igreja ocidental, até bem recentemente.

Muitas igrejas estão respondendo à crescente popularidade da atenção plena no mundo secular reconhecendo os benefícios da espiritualidade cristã. Líderes cristãos populares como John Mark Comer (disponível em inglês) falaram e escreveram longamente sobre o cristianismo contemplativo e sobre tirar um tempo para restaurar a alma.

Com base no que sabemos sobre como Deus nos fez, você poderia razoavelmente sugerir que talvez a atenção plena tenha sido ideia de Deus em primeiro lugar. Os cristãos não estão pulando na onda de uma tendência popular. Em vez disso, a tendência é imitar a maneira como Deus sempre quis que vivêssemos; uma vida sustentável centrada em Cristo, caracterizada pela paz, quietude e percepção consciente (de Deus, de nós mesmos e dos outros).

Os cristãos devem praticar a atenção plena?

Então, é certo praticar atenção plena em suas vidas diárias e há algo de errado em ouvir podcasts ou aplicativos de atenção plena seculares?

É claro que, em última análise, fica a seu critério e a realidade é que muitos desses recursos não são prejudiciais.

Praticar uma forma de atenção plena ou oração consciente é muito comum para os cristãos. Sem dúvida, reforçará sua vida espiritual. A crescente popularidade da atenção plena pode ser um presente. Afinal, isso abre as pessoas para os benefícios de desacelerar e reservar um tempo para contemplar.

No entanto, é claro que existem algumas coisas para se estar ciente.

Coisas para saber ao se envolver na prática de atenção plena

Muito da linguagem em redor da atenção plena secular é sobre focar no eu e ser completamente introspectivo. Se houver um aspecto espiritual, muitas vezes trata de conectar-se a um ‘universo’ impessoal ou ver a terra como divina. Numa ponta extrema pode ter fortes influências pagãs ou ocultistas.

Vivemos em um mundo que nos encoraja a ser egocêntricos, mas isso contraria os ensinamentos de Cristo que mencionamos anteriormente sobre ‘negar a nós mesmos’ e seguir a Jesus (Lucas 9:23). Há também muitas passagens sobre servir e amar os outros acima de nós mesmos (1 Pedro 4:8-10).

Outro lado da atenção plena secular que pode não ser útil é a maneira como ela nos encoraja a fugir da realidade; recuar de problemas em nossas vidas, em vez de confiar em Deus para nos ajudar a enfrentar essas lutas de frente.

Retirar-se pode parecer uma solução, mas não é necessariamente a vida para a qual Jesus nos chamou.

A atenção plena centrada em Cristo na verdade vai um passo além da atenção plena secular, encorajando-nos a ser ‘transformados pela renovação de sua mente’ (Romanos 12:2). Ela nos encoraja a mudar nosso olhar; focar em Deus primeiro e em nós mesmos depois. Ensina-nos a tirar de nossos ombros o fardo de ‘fazer as coisas com nossas próprias forças’ e entregar nossas vidas a Jesus. A atenção plena, em última análise, é uma das maneiras práticas pelas quais podemos aceitar tangivelmente o convite de Jesus em Mateus 11:28 “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.”.

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Atenção plena não precisa ser assim. Imagem: Ale Romo

As diferenças entre a atenção plena secular e a cristã 

Portanto, não há nada de errado em os cristãos praticarem a atenção plena. Mas há diferenças entre o que é útil para o cristão e o que a espiritualidade secular recomenda.

O mantra do ‘amor próprio’ tem alguma verdade. A atenção plena pode nos dar uma auto confiança renovada, em uma cultura que pode nos levar a pensar menos de nós mesmos. Mas, em vez de reunir a coragem para fazermos isso nós mesmos, a atenção plena cristã nos encoraja a nos ver através dos olhos de Deus.

É somente quando nos lembramos de quem somos em Cristo – escolhidos, amados e destinados à santidade – que podemos realmente nos libertar de pensamentos opressivos sobre nós mesmos. O contentamento não vem de olhar para nós mesmos, mas de erguer nosso olhar para Deus.

Claro, existem muitas semelhanças na forma como praticamos a atenção plena e os benefícios que ela oferece são universais.

Os benefícios da atenção plena no cristianismo

Está claro que há muitos benefícios na atenção plena tanto para melhorar sua vida espiritual quanto para sua saúde mental.

Como exploraremos em outras postagens, Deus se preocupa com nossa saúde mental e nos deu as ferramentas para lidar com isso, dedicando tempo para nos concentrarmos na atenção plena.

Está provado (disponível em inglês) que a prática consciente tem um impacto positivo no cérebro e pode aliviar doenças mentais. Esta é uma ótima notícia e fornece uma maneira acessível de lidar com a depressão, com a preocupação e o estresse.

Em geral, a atenção plena pode levar a ser menos ansioso, mais feliz e mais presente. Também pode levar a uma melhor concentração e foco em seu trabalho e vida social. Todos esses são grandes benefícios, independentemente de suas crenças religiosas.

Mas para os cristãos, a atenção plena vai um passo além. Concentrar-se em Deus e engajar-se em oração significa mais do que apenas falar com Deus. É também ficar quieto e ouvir o que Deus tem a dizer e ser cheio do Espírito Santo. Através da prática contemplativa regular, devemos realmente crescer em intimidade com Deus e estar mais conscientes dEle em nossas vidas.

Com todo o barulho e distrações que a vida nos lança, uma vida espiritual saudável exige que reservemos um tempo para nos redefinirmos e nos lembrarmos da presença de Deus.

Ao passar mais tempo com Deus, nos tornamos mais como ele e menos como nós mesmos. O propósito da atenção plena deve ser o progresso e não a retirada do mundo ou a busca da justiça própria.

Como praticar a atenção plena cristã e a oração 

Então, como você pode praticar a atenção plena no cristianismo?

Não há uma maneira definida de fazer isso e processos diferentes funcionam para pessoas diferentes.

É claro que você pode orar a qualquer hora do dia, parando e recentralizando seu foco em Deus. Afastar-se do que está fazendo e respirar profundamente muitas vezes ajuda nisso.

Há também momentos dedicados de atenção plena. Muitas pessoas vão chamar isso de seu ‘tempo a sós’. Antes ou depois de ler um capítulo da Bíblia, você pode sentar e ficar quieto, inspirando e expirando profundamente, enquanto se concentra em Deus, talvez repetindo uma oração ao inspirar e expirar.

Existem muitos métodos e práticas existentes para ajudá-lo a se concentrar em Deus. Se você não está acostumado a fazer isso, comece com o simples, 5 a 10 minutos de silêncio. Então avance mais se você tiver condições de fazê-lo.

Outra coisa que realmente ajuda as pessoas a se concentrarem é usar um aplicativo. É por isso que aplicativos seculares como Calm e Headspace se tornaram tão populares. Mas também há opções específicas para cristãos.

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Imagem do Banner: Milan Popovic 

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